domingo, 30 de maio de 2010

ATIVIDADE DE REDAÇÃO

Atividade de redação

"Um software que vem sendo construído há dois anos por estudantes de pós-graduação da
Universidade de São Paulo vai permitir a identificação, em cada bairro, das oportunidades de
aprendizagem. É uma espécie de GPS educativo. Seu objetivo é localizar os cursos
profissionalizantes existentes, passando pela lista de filmes, peças teatrais, concertos, palestras,exposições, até oficinas de origami, aulas para a formação de DJs e clínicas de saúde física e mental. Isso significa, por exemplo, que um pai vai poder encontrar, na rede pública, alguém para tratar seu filho com hiperatividade ou distúrbio de atenção, e um professor vai poder encaminhar um aluno a centros especializados em tratamento para dependentes de drogas."


A partir do texto acima, e considerando que ele é meramente motivador, redija texto dissertativo a respeito do seguinte tema.
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS A SERVIÇO DA CIDADANIA
Ao redigir seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:


- o mundo contemporâneo na era da informação e do conhecimento;
- ciência e tecnologia como instrumentos de afirmação da cidadania;
- as tecnologias da informação e suas múltiplas formas de utilização.

REDAÇÃO PARA RECUPERAÇÃO DE NOTAS

Prof. Jose Maria Rodrigues - REDAÇÃO
Lição  Consumismo

    O consumismo é hoje tratado como uma doença grave, todos sabemos; a todo instante somos informados de que, em tal ou tal país, os cartões de crédito dão a oportunidade de nascer mais um consumista desenfreado, que compra e tanto compra que está a dever milhares de dólares nos cartões de crédito.

    Estar na moda, comprar para fazer parte de determinado grupo são apenas dois aspectos deste tema. Freud escreveu, certa vez, que há sempre um sentimento de repulsa por parte do grupo quando, ao se chegar nele, o visitante é diferente, sobretudo exteriormente. Caetano Veloso escreveu, em "Sampa", a mesma coisa: "Porque Narciso acha feio o que não é espelho.", ou seja, o consumismo também se dá para levar o indivíduo a se aproximar de grupos.

Texto 1
Bolso vazio, armário cheio

    Seja por meio da grana dos pais ou do próprio salário, jovens consumistas se entopem de roupas e acessórios.

    Camisas e vestidos de marcas famosas no armário. Fim da mesada muito antes de acabar o mês. Vontade de comprar um jeans uma semana depois de ter adquirido um novo. Se você se identificou com alguma dessas características, pode-se dizer que você está inserido no grupo de consumidores vorazes, capaz de gastar muito dinheiro em uma blusa ou em um tênis.

    As razões para a prática dessas atitudes variam de pessoa para pessoa. Para Maria Letícia Zarzur, 14, ou Tita, como ela gosta de ser chamada, o importante é seguir as últimas tendências da moda.

    "Acontece que estar na moda é o meu estilo", declara. Por conta disso, quando vê uma roupa de que gosta no shopping ou em lojas como a Daslu, quer logo tê-la em seu armário para a próxima festa ou para o passeio com as amigas.

    "São os meus pais que compram as roupas para mim. Quando eles não querem me dar o dinheiro, eu proponho uma troca. Tipo: "Ah, se eu fizer isso, vocês compram o vestido?", conta a estudante.

    Sua mãe, Fátima Zarzur, tenta brecar o impulso da filha: "Se eu deixar, ela compra qualquer bobagem", afirma. No entanto, reconhece que muitas vezes cede aos pedidos da garota. "Há a pressão dos amigos, a vaidade de querer mostrar o que tem para entrar em um determinado grupo... É complicado."

    Segundo o professor de psicologia da PUC, Carlos Eduardo Carvalho Freire, o adolescente, como costuma andar em grupo, tem a necessidade de ter destaque. "Agradar ao olhar do outro é importante, dá ao adolescente a sensação de existir", afirma o psicoterapeuta.

    Outro fator é a vaidade. O estudante Bruno Fonseca, 14, por exemplo, embora afirme que o nome da marca não seja importante, prefere as roupas de grife. "É uma questão de vaidade mesmo, para eu me sentir bem. Além disso, chama a atenção das outras pessoas, principalmente das garotas."

    Estudante de um colégio de classe alta de São Paulo, ele diz que seus colegas têm comportamento parecido com o dele.

    Por essa razão, a mãe do garoto, Sandra Maria Costa da Fonseca, entende o comportamento do filho. "A preferência por grifes se deve ao fato de ele estar inserido em um grupo social no qual as marcas são priorizadas. O que faço é orientá-lo a ter controle sobre o orçamento que oferecemos a ele."

Fúteis?

    E se alguns dependem das mesadas, dos limites impostos pelo cartão ou da boa vontade dos pais, outros gastam praticamente todo o salário que recebem em jeans, calçados e outros acessórios. É o caso de Diego César Bianchini, 20.

    Vendedor de um shopping em Maringá (PR) ele costuma usar todo seu salário – entre R$ 700 a R$ 900 mensais – em roupas. "Minha maior compra foi de R$ 750, quando, de uma só vez, levei uma calça e um boné", conta. "Sim, sou consumista assumido. Diria até fútil", diz, sem censura alguma. Suas marcas preferidas são Colcci, Carmim e Dolce & Gabbana.

    O termo futilidade é geralmente atribuído a esses ávidos consumidores. Mas eles preferem não dar ouvidos às críticas. De acordo com a estudante Rossanna Petrosino, 21, os pais dela reclamam bastante de seu excessivo gasto. "Sou a mais nova e única mulher dos filhos. Então, o susto para eles foi grande", conta. A moça é daquelas que não consegue comprar um presente para alguém antes de comprar um para si mesma. "Meus amigos dizem que eu só vivo no shopping!"

    Rossanna já gastou de uma só vez R$ 800 em calças da M. Officer. Ela ganha cerca de R$ 20 por dia do pai, mas geralmente apela para a mãe, pois gasta demais e sem perceber. "Ela é a minha quebra-galho", conta.

 Folha de S.Paulo, Folhateen, 21/maio/2007, Comportamento. Alan de Faria.
  Texto 2
Consumismo
    Consumismo é o ato de consumir produtos ou serviços, muitas vezes, sem consciência. Há várias discussões a respeito do tema, entre elas o tipo de influência que a propaganda e a publicidade exercem nas pessoas. Muitos alegam que elas induzem ao consumo desnecessário, sendo este um fruto do capitalismo.

    Muitas vezes o consumismo chega a ser uma doença. Pessoas compram compulsivamente coisas que não têm utilidade para elas apenas para atender à vontade injustificada de comprar.

    Há uma diferença entre consumista e consumidor: consumismo é o ato de consumir produtos ou serviços compulsivamente e, muitas vezes, sem consciência; consumidor é aquele que compra produtos.

    A explicação da compulsão pelo consumo talvez possa se amparar em bases históricas. O mundo nunca mais foi o mesmo após a Revolução Industrial. A industrialização agilizou o processo de fabricação, o que não era possível durante o período artesanal. A indústria trouxe o desenvolvimento, num modelo de economia liberal, que hoje leva ao consumismo alienado de produtos industrializados.

    Além disso, trouxe também várias conseqüências negativas por não se ter preocupado com o meio ambiente. Felizmente, hoje, há pensamentos diferentes sobre este tema, que fizeram surgir novas profissões como, por exemplo, a de Eco-design.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Consumismo>.

Texto 3
    O ser humano, eterno insatisfeito por excelência, apresenta-se sempre com uma vontade a ser saciada, enquanto isso não acontece, o descontentamento é inevitável, então, quando o desejo é satisfeito, a vontade cessa por pouco tempo dando lugar a uma outra vontade. Dessa maneira o sujeito tende a uma satisfação superficial e imediata de seus conflitos interiores que se apresentam sintomaticamente através do consumismo. Quando o indivíduo é consciente desta dinâmica, mas não consegue viver de outra forma, acredita-se que o seu desconforto seja bem maior.
Denise Mendonça de Melo é psicóloga, formada pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora.
Texto 4
    Consumismo e competitividade levam ao emagrecimento moral e intelectual da pessoa, à redução da personalidade e da visão do mundo, convidando, também, a esquecer a oposição fundamental entre a figura do consumidor e a figura do cidadão. É certo que no Brasil tal oposição é menos sentida, porque em nosso país jamais houve a figura do cidadão. As classes chamadas superiores, incluindo as classes médias, jamais quiseram ser cidadãs; os pobres jamais puderam ser cidadãos.

    As classes médias foram condicionadas a apenas querer privilégios e não direitos. E isso é um dado essencial do entendimento do Brasil: de como os partidos se organizam e funcionam; de como a política se dá, de como a sociedade se move.
Milton Santos. Por uma Outra Globalização – Do Pensamento Único à Consciência Universal, Record, 2000.
Texto 5
Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome, que não é meu de batismo ou de cartório, Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida,
E minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto que nunca experimentei,
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada,
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto
e escova e pente, Meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens, letras falantes, gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência,
Indispensabilidade, E fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas, Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser Eu que antes era e me sabiaTão diverso dos outros, tão mim mesmo, ser pensante, sentinte e solidário Com outros seres diversos e conscientes da sua humana, invencível  condição.
Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro
Em língua nacional ou em qualquer língua (Qualquer, principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória de minha anulação.
Não sou – vê lá – anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em
bares, festas, praias, pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto
se espelhavam
E cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa resumiam uma
estética. Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso de não ser eu, mas artigo
industrial,
Peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de
homem.
Meu nome novo é Coisa. Eu sou a coisa, coisamente.
Carlos Drummond de Andrade, in Corpo, Rio de Janeiro, Record, 1984.
 

Proposta de redação
      Depois de ler os textos, escreva uma redação dissertativa, de caráter argumentativo-expositivo, que tenha como tema:
"O consumismo é uma questão de vaidade ou uma doença contemporânea? Consumismo garante realização pessoal?"

O Ritual do Corpo Entre os Sonacirema



 
O Ritual do Corpo Entre os Sonacirema

 
(...) Os Sonacirema são um grupo americano do qual pouco se sabe quanto a sua origem, embora a tradição mítica afirme que eles vieram do leste.
A cultura Sonacirema se caracteriza por uma economia de mercado altamente desenvolvida, que se beneficiou de um habitat cultural muito rico. Embora a maior parte do tempo das pessoas, nesta sociedade, seja devotada à ocupação econômica, uma grande porção dos frutos destes trabalhos e uma considerável parte do dia são despendidas em atividades rituais. O foco destas atividades é o corpo humano, cuja aparência e saúde constituem a preocupação dominante dentro do ethos deste povo. Embora tal tipo de preocupação não seja realmente pouco comum, seus aspectos cerimoniais e a filosofia aí implícitas são únicos.
A crença fundamental subjacente a todo o sistema parece ser a de que o corpo humano é feio, e que sua tendência natural é a debilidade e a doença. Encarcerado em tal corpo, a única esperança do ser humano é evitar essas características por meio do uso de poderosas influências do ritual e da cerimônia. Todo grupo doméstico possui um ou mais santuários dedicados a tal propósito. Os indivíduos mais poderosos desta sociedade têm vários santuários em sua casa e, de fato, a riqueza de uma casa é frequentemente aferida em termos da quantidade dos centros de rituais que abriga.
Embora cada família possua ao menos um destes santuários, os rituais a eles associados não são cerimônias familiares, mas sim privados e secretos. Os ritos normalmente só são discutidos com as crianças, e isto apenas durante a fase em que elas estão sendo iniciadas nestes mistérios. Eu pude, entretanto, estabelecer com os nativos uma relação que me permitiu examinar este santuário e anotar a descrição destes rituais.
O ponto focal do santuário é uma caixa ou arca embutida na parede. Nesta arca são guardados os inúmeros feitiços e poções mágicas, sem os quais nenhum nativo acredita que poderia viver. Tais feitiços e poções são obtidos de vários profissionais especializados. Dentre estes, os mais poderosos são os curandeiros, cujos serviços devem ser retribuídos por meio de presentes substanciais. No entanto, o curandeiro não fornece as poções curativas para os seus clientes, decidindo apenas os ingredientes que nelas devem entrar, escrevendo as em seguida em urna linguagem antiga e secreta. Tal escrito só pode ser decifrado pelo curandeiro e pelos herbanários os quais, mediante outros presentes, fornecem o feitiço desejado.
O feitiço não é descartado depois de ter servido a seu propósito, mas sim é colocado na caixa de mágica do santuário doméstico. Como estes materiais mágicos são específicos para certas doenças, e considerando-se que as mudanças reais ou imaginárias deste povo são muitas, a caixa de mágicas costuma estar sempre cheia. Os pacotes mágicos são tão numerosos que as pessoas esquecem seu uso original, e temem usá-los de novo. Embora os nativos tenham se mostrado vagos em relação a essa questão, só podemos concluir que o costume de se guardar todos os velhos materiais mágicos vem da idéia de que sua presença na caixa de mágica, diante da qual os rituais do corpo são encenados, protegerá de alguma forma o fiel.
Embaixo da caixa de mágicas existe uma pequena fonte. Todo dia cada membro da família, em sucessão, entra no quarto do santuário, curva a cabeça diante da caixa mágica, mistura diferentes tipos de água sagrada na fonte, realiza um breve rito com a água. As águas sagradas são obtidas no templo da água da comunidade, onde os sacerdotes conduzem elaboradas cerimônias para manter o líquido ritualmente puro.
Na hierarquia dos profissionais da magia, abaixo do curandeiro em termos de prestígio, estão os especialistas cuja designação é melhor traduzida por "homens da boca sagrada". Os Sonacirema tem um horror pela boca e uma fascinação por ela que chega às raias da patologia. Acredita-se que a condição da boca possui uma influência sobrenatural nas relações sociais. Não fosse pelos rituais da boca, os Sonacirema acham que seus dentes cairiam, suas gengivas sangrariam, suas mandíbulas encolheriam, seus amigos os abandonariam e seus amantes os rejeitariam. Eles também acreditam na existência de uma forte relação entre características orais e morais. Assim, por exemplo, existe uma ablução ritual da boca das crianças que se considera como forma de desenvolver sua fibra moral.
O ritual do corpo quotidianamente realizado por todos inclui um rito bucal. Apesar de

 

 
sabermos que este povo é tão meticuloso no que diz respeito ao cuidado da boca, este rito envolve uma prática que o estrangeiro não-iniciado não consegue deixar de achar repugnante. Conforme foi-se descrito, o rito consiste na inserção de um pequeno feixe de cerdas na boca, juntamente com certos pós mágicos, e em seguida na movimentação deste feixe segundo uma série de gestos altamente formalizados.
Além deste rito bucal privado, as pessoas procuram um homem da boca sagrada uma ou duas vezes por ano. Estes profissionais possuem uma impressionante parafernália, que consiste em uma variedade de perfuratrizes, furadores, sondas e agulhas. O uso deste objeto no exorcismo dos perigos da boca implica em uma inacreditável tortura ritual do cliente. O homem da boca sagrada abre a boca do cliente e, usando as ferramentas citadas, alarga qualquer buraco que o uso tenha feito nos dentes. Materiais mágicos são então depositados nestes buracos. (...) Na imaginação do cliente, o objetivo destas aplicações é deter o apodrecimento dos dentes e atrair amigos. O caráter extremamente sagrado e tradicional do rito fica evidente no fato de que os nativos retornam todo ano ao homem da boca sagrada, embora seus dentes continuem a se deteriorar.
Deve-se esperar que, quando um estudo intensivo dos Sonacirema for feito, seja realizada uma pesquisa cuidadosa sobre a estrutura de personalidade deste nativo. Basta observar o brilho nos olhos de um homem da boca sagrada, quando ele enfia uma agulha em um nervo exposto, para que se suspeite de que uma certa dose de sadismo está presente. Se isto puder ser verificado, uma configuração muito interessante emergirá, posto que a maioria da população mostra tendências masoquistas bem definidas. Era a tais tendências que o Professor Linton se referia, ao discutir uma parte especial do ritual cotidiano do corpo, que é apenas realizada pelos homens. Esta parte do rito envolve uma arranhadura e laceração da superfície do rosto por meio de um instrumento cortante. Ritos femininos especiais ocorrem somente quatro vezes por mês lunar, mas o que lhes falta em frequência lhes sobra em barbárie. Como parte desta cerimônia, as mulheres assam suas cabeças em pequenos fornos durante mais ou menos uma hora. O ponto teoricamente interessante é que um povo dominantemente masoquista desenvolve especialistas sádicos.
Os curandeiros possuem um templo imponente, o Latipsoh, em cada comunidade de algum tamanho. As cerimônias mais elaboradas, necessárias para o tratamento de pacientes muito doentes, só podem ser realizadas neste templo. Tais cerimônias envolvem não só o taumaturgo, mas também um grupo permanente de vestais que se movimentam nas câmaras do templo com uma roupa e penteados distintos. As cerimônias Latipsoh são tão violentas que chega a ser fenomenal o fato que uma razoável proporção dos nativos realmente doentes que entram no templo consiga curar-se. (...)
As cerimônias, como os já citados ritos do homem da boca sagrada, implicam em desconforto e tortura. (...) De tempos em tempos os curandeiros vêm a seus pacientes e atiram agulhas magicamente tratadas em sua carne. O fato de que estas cerimônias do templo possam não curar, ou possam mesmo matar o doente, não diminui de modo algum a fé do povo nos curandeiros.
Ainda resta um outro tipo de especialista, conhecido como um "escutador". Este feiticeiro tem o poder de exorcizar os demônios que se alojam nas cabeças das pessoas que foram enfeitiçadas. Os Sonacirema acreditam que os pais fazem feitiçaria entre seus próprios filhos. As mães são especialmente suspeitas de colocarem uma maldição na criança, enquanto ensinam a elas os ritos corporais secretos. A contra-magia do feiticeiro "escutador" é singular por sua relativa ausência de ritual. O paciente simplesmente conta ao "escutador" todos os seus problemas e medos, começando com as primeiras dificuldades de que pode se lembrar. (...)
Para concluirmos, deve-se mencionar certas práticas que estão baseadas na estética nativa, mas que dependem da aversão generalizada ao corpo a às funções naturais. Há jejuns rituais para fazer pessoas gordas ficarem magras, e banquetes cerimoniais para fazer pessoas magras ficarem gordas. Outros ritos ainda são usados para fazer os seios das mulheres maiores, se eles são pequenos, e menores, se eles são grandes. Uma insatisfação geral com a forma dos seios é simbolizada pelo fato de que a forma ideal está virtualmente fora do espectro da variação humana. Umas poucas mulheres que sofrem de um quase inumano desenvolvimento hipermamário são tão idolatradas que podem viver muito bem por meio de simples viagens pelas aldeias, permitindo aos nativos admirá-las diante de uma taxa. (...)