domingo, 30 de maio de 2010

REDAÇÃO PARA RECUPERAÇÃO DE NOTAS

Prof. Jose Maria Rodrigues - REDAÇÃO
Lição  Consumismo

    O consumismo é hoje tratado como uma doença grave, todos sabemos; a todo instante somos informados de que, em tal ou tal país, os cartões de crédito dão a oportunidade de nascer mais um consumista desenfreado, que compra e tanto compra que está a dever milhares de dólares nos cartões de crédito.

    Estar na moda, comprar para fazer parte de determinado grupo são apenas dois aspectos deste tema. Freud escreveu, certa vez, que há sempre um sentimento de repulsa por parte do grupo quando, ao se chegar nele, o visitante é diferente, sobretudo exteriormente. Caetano Veloso escreveu, em "Sampa", a mesma coisa: "Porque Narciso acha feio o que não é espelho.", ou seja, o consumismo também se dá para levar o indivíduo a se aproximar de grupos.

Texto 1
Bolso vazio, armário cheio

    Seja por meio da grana dos pais ou do próprio salário, jovens consumistas se entopem de roupas e acessórios.

    Camisas e vestidos de marcas famosas no armário. Fim da mesada muito antes de acabar o mês. Vontade de comprar um jeans uma semana depois de ter adquirido um novo. Se você se identificou com alguma dessas características, pode-se dizer que você está inserido no grupo de consumidores vorazes, capaz de gastar muito dinheiro em uma blusa ou em um tênis.

    As razões para a prática dessas atitudes variam de pessoa para pessoa. Para Maria Letícia Zarzur, 14, ou Tita, como ela gosta de ser chamada, o importante é seguir as últimas tendências da moda.

    "Acontece que estar na moda é o meu estilo", declara. Por conta disso, quando vê uma roupa de que gosta no shopping ou em lojas como a Daslu, quer logo tê-la em seu armário para a próxima festa ou para o passeio com as amigas.

    "São os meus pais que compram as roupas para mim. Quando eles não querem me dar o dinheiro, eu proponho uma troca. Tipo: "Ah, se eu fizer isso, vocês compram o vestido?", conta a estudante.

    Sua mãe, Fátima Zarzur, tenta brecar o impulso da filha: "Se eu deixar, ela compra qualquer bobagem", afirma. No entanto, reconhece que muitas vezes cede aos pedidos da garota. "Há a pressão dos amigos, a vaidade de querer mostrar o que tem para entrar em um determinado grupo... É complicado."

    Segundo o professor de psicologia da PUC, Carlos Eduardo Carvalho Freire, o adolescente, como costuma andar em grupo, tem a necessidade de ter destaque. "Agradar ao olhar do outro é importante, dá ao adolescente a sensação de existir", afirma o psicoterapeuta.

    Outro fator é a vaidade. O estudante Bruno Fonseca, 14, por exemplo, embora afirme que o nome da marca não seja importante, prefere as roupas de grife. "É uma questão de vaidade mesmo, para eu me sentir bem. Além disso, chama a atenção das outras pessoas, principalmente das garotas."

    Estudante de um colégio de classe alta de São Paulo, ele diz que seus colegas têm comportamento parecido com o dele.

    Por essa razão, a mãe do garoto, Sandra Maria Costa da Fonseca, entende o comportamento do filho. "A preferência por grifes se deve ao fato de ele estar inserido em um grupo social no qual as marcas são priorizadas. O que faço é orientá-lo a ter controle sobre o orçamento que oferecemos a ele."

Fúteis?

    E se alguns dependem das mesadas, dos limites impostos pelo cartão ou da boa vontade dos pais, outros gastam praticamente todo o salário que recebem em jeans, calçados e outros acessórios. É o caso de Diego César Bianchini, 20.

    Vendedor de um shopping em Maringá (PR) ele costuma usar todo seu salário – entre R$ 700 a R$ 900 mensais – em roupas. "Minha maior compra foi de R$ 750, quando, de uma só vez, levei uma calça e um boné", conta. "Sim, sou consumista assumido. Diria até fútil", diz, sem censura alguma. Suas marcas preferidas são Colcci, Carmim e Dolce & Gabbana.

    O termo futilidade é geralmente atribuído a esses ávidos consumidores. Mas eles preferem não dar ouvidos às críticas. De acordo com a estudante Rossanna Petrosino, 21, os pais dela reclamam bastante de seu excessivo gasto. "Sou a mais nova e única mulher dos filhos. Então, o susto para eles foi grande", conta. A moça é daquelas que não consegue comprar um presente para alguém antes de comprar um para si mesma. "Meus amigos dizem que eu só vivo no shopping!"

    Rossanna já gastou de uma só vez R$ 800 em calças da M. Officer. Ela ganha cerca de R$ 20 por dia do pai, mas geralmente apela para a mãe, pois gasta demais e sem perceber. "Ela é a minha quebra-galho", conta.

 Folha de S.Paulo, Folhateen, 21/maio/2007, Comportamento. Alan de Faria.
  Texto 2
Consumismo
    Consumismo é o ato de consumir produtos ou serviços, muitas vezes, sem consciência. Há várias discussões a respeito do tema, entre elas o tipo de influência que a propaganda e a publicidade exercem nas pessoas. Muitos alegam que elas induzem ao consumo desnecessário, sendo este um fruto do capitalismo.

    Muitas vezes o consumismo chega a ser uma doença. Pessoas compram compulsivamente coisas que não têm utilidade para elas apenas para atender à vontade injustificada de comprar.

    Há uma diferença entre consumista e consumidor: consumismo é o ato de consumir produtos ou serviços compulsivamente e, muitas vezes, sem consciência; consumidor é aquele que compra produtos.

    A explicação da compulsão pelo consumo talvez possa se amparar em bases históricas. O mundo nunca mais foi o mesmo após a Revolução Industrial. A industrialização agilizou o processo de fabricação, o que não era possível durante o período artesanal. A indústria trouxe o desenvolvimento, num modelo de economia liberal, que hoje leva ao consumismo alienado de produtos industrializados.

    Além disso, trouxe também várias conseqüências negativas por não se ter preocupado com o meio ambiente. Felizmente, hoje, há pensamentos diferentes sobre este tema, que fizeram surgir novas profissões como, por exemplo, a de Eco-design.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Consumismo>.

Texto 3
    O ser humano, eterno insatisfeito por excelência, apresenta-se sempre com uma vontade a ser saciada, enquanto isso não acontece, o descontentamento é inevitável, então, quando o desejo é satisfeito, a vontade cessa por pouco tempo dando lugar a uma outra vontade. Dessa maneira o sujeito tende a uma satisfação superficial e imediata de seus conflitos interiores que se apresentam sintomaticamente através do consumismo. Quando o indivíduo é consciente desta dinâmica, mas não consegue viver de outra forma, acredita-se que o seu desconforto seja bem maior.
Denise Mendonça de Melo é psicóloga, formada pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora.
Texto 4
    Consumismo e competitividade levam ao emagrecimento moral e intelectual da pessoa, à redução da personalidade e da visão do mundo, convidando, também, a esquecer a oposição fundamental entre a figura do consumidor e a figura do cidadão. É certo que no Brasil tal oposição é menos sentida, porque em nosso país jamais houve a figura do cidadão. As classes chamadas superiores, incluindo as classes médias, jamais quiseram ser cidadãs; os pobres jamais puderam ser cidadãos.

    As classes médias foram condicionadas a apenas querer privilégios e não direitos. E isso é um dado essencial do entendimento do Brasil: de como os partidos se organizam e funcionam; de como a política se dá, de como a sociedade se move.
Milton Santos. Por uma Outra Globalização – Do Pensamento Único à Consciência Universal, Record, 2000.
Texto 5
Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome, que não é meu de batismo ou de cartório, Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na boca, nesta vida,
E minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto que nunca experimentei,
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provada,
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata e cinto
e escova e pente, Meu copo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens, letras falantes, gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência,
Indispensabilidade, E fazem de mim homem-anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas, Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser Eu que antes era e me sabiaTão diverso dos outros, tão mim mesmo, ser pensante, sentinte e solidário Com outros seres diversos e conscientes da sua humana, invencível  condição.
Agora sou anúncio, ora vulgar ora bizarro
Em língua nacional ou em qualquer língua (Qualquer, principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória de minha anulação.
Não sou – vê lá – anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em
bares, festas, praias, pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto
se espelhavam
E cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa resumiam uma
estética. Hoje sou costurado, sou tecido, sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso de não ser eu, mas artigo
industrial,
Peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de
homem.
Meu nome novo é Coisa. Eu sou a coisa, coisamente.
Carlos Drummond de Andrade, in Corpo, Rio de Janeiro, Record, 1984.
 

Proposta de redação
      Depois de ler os textos, escreva uma redação dissertativa, de caráter argumentativo-expositivo, que tenha como tema:
"O consumismo é uma questão de vaidade ou uma doença contemporânea? Consumismo garante realização pessoal?"

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